Confira 4 tópicos essenciais para desenvolver um ambiente de trabalho eficiente, produtivo e seguro.
1. ESTUDO DO AMBIENTE E DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO
O estudo do ambiente compreende o reconhecimento dos perigos e a avaliação dos riscos do ambiente e condições de trabalho e do processo produtivo, assim como a determinação das medidas de controle desses riscos. Quando falamos em ambiente, falamos das características de risco do local em si, por exemplo, a temperatura ou a manutenção do pavimento. Condições de trabalho podem, por exemplo, se referir a exigência de esforço físico ou controle rígido de horários.
Na etapa de reconhecimento, relacionamos os fatores de risco ou perigos conhecidos aos seus respectivos riscos. Por exemplo, a atividade intensa, repetitiva e constante de digitação é um fator de risco para o risco de lesões por esforço repetitivo, como tendinite. Avaliar esse risco é determinar como e de que forma ele afeta o trabalhador e como podemos eliminar, neutralizar ou reduzir esse risco, oportunizando um trabalho produtivo e saudável.
Fator de risco é a atividade, situação, condição ou produto que oferece um risco. Por exemplo, o fogo é um fator de risco. O risco é a queimadura. Podemos usar outras palavras e dizer que fator de risco é o meio, e o risco é o resultado. Leia as partes do PGR relacionados com a sua função e em caso de dúvidas, procure sua empresa. Comumente, esses fatores de risco são agrupados em cinco categorias.
Conheça-as abaixo com alguns exemplos:
- Acidente: Eletricidade, trabalho em altura, máquinas e equipamentos.
- Biológico: Bactérias, fungos, vírus e outros microrganismos patogênicos (doentios).
- Ergonômico: Peso, postura, repetição, monotonia, pressão, horário e meta.
- Físico: Calor, frio, ruído, vibração, pressão e umidade.
- Químico: Qualquer produto químico em forma de gasosa, líquida ou sólida.
A empresa deve manter e promover constantemente o acesso a informações sobre os riscos e formas de prevenção.
Esses estudos, reconhecimento, avaliações e as determinações das medidas de controle são componentes obrigatórios de outras demandas trabalhistas da empresa, e podem ser encontrados prontos em programas como o PGR (NR-1) e AET (NR-17). Em outras palavras, pensando em eficiência e produtividade, para a CIPA, por exemplo, a maior parte desse estudo se resume na leitura dos relatórios dos programas citados.
Para manter a conformidade com as normas, destacando, por exemplo, a NR-1, NR-7 e NR-9, sua empresa deve manter à disposição da CIPA, assim como dos demais colaboradores, os respectivos relatórios desses programas, ou seja, o constante acesso à informação. Para tanto, e caso ainda não estejam em mãos, solicite para o responsável em sua empresa esses impressos ou arquivos digitais para o seu estudo.
2. LEITURA DOS PROGRAMAS E MEDIÇÕES PERTINENTES
Vamos começar dizendo que esse estudo é essencial para qualquer curso de saúde e segurança no trabalho, e que “ambiente ou ambiental” aqui não se refere a natureza, mas sim ao local em que trabalhamos. Apresentaremos os programas e avaliações ambientais mais comuns, indicando suas leituras e como entender as informações. É obrigação das empresas fazer esses programas e avaliações e disponibilizar aos funcionários, especialmente em curso à distância.
O PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos é encontrado na NR-1 e que como o próprio nome indica, abrange a prevenção de riscos como um todo. No PGR, vamos encontrar o inventário dos riscos, que nada mais é do que uma lista dos riscos existentes e, naturalmente, as formas de prevenção desses riscos. Basicamente, todas as iniciativas de saúde e segurança trabalham sobre esses 3 pilares: Os fatores de risco, os riscos e as medidas de prevenção desses riscos.
Programa do verbo programar significa planejar ou planejamento e, no caso, de ações que promoção saúde e segurança.
O PCMSO – Programa De Controle Médico De Saúde Ocupacional, da NR-7, cujo objetivo é a preservação da saúde dos trabalhadores. Os aspectos mais conhecidos do PCMSO são os exames admissionais, periódicos e demissionais, que atestam sua aptidão para um certo trabalho e a condição de sua saúde. Esses exames variam de acordo a atividade exercida. Se você trabalha manuseando cargas, entre seus exames estará certamente o Raio-X da coluna vertebral.
A palavra programa, como nos programas vistos acima, significa planejamento, ou seja, um plano para prevenir acidentes e doenças do trabalho a partir das avaliações qualitativas e quantitativas. Uma avaliação qualitativa é subjetiva, não pode ser traduzida em um número, é o caso do fogo, por exemplo. Já o calor em si pode ser traduzido em número, na temperatura medida, no nosso caso, medida em graus Celsius. Portanto, uma avaliação quantitativa.
Nível de tolerância é o limite máximo para que uma atividade seja considerada salubre, ou seja, saudável.
Avaliação quantitativa ou medição se refere a traduzir em números e medidas algumas características do ambiente, como o calor, frio, umidade, ruído etc. Para o correto entendimento, as medidas verificadas devem ser apresentadas aos colaboradores juntamente com os níveis de tolerância estabelecidos nas normas regulamentadoras. Nível de tolerância é aquela medida considera normal ou esperada para uma certa condição de trabalho. Veremos 3 exemplos comuns.
O ruído é um fator de risco que pode causar o risco de perda auditiva. O nível de tolerância é 85dB. A temperatura para trabalhos em escritórios, por exemplo, é fator de risco para o risco de estresse térmico, além de perda de produtividade, seu nível de tolerância varia entre 20-23 graus. A medição de produtos químicos é feita em partes por milhão. Por exemplo, o álcool etílico que é fator de risco para irritação nas mucosas quando inalado tem seu limite de 780 ppm.
3. RECONHECIMENTO, AVALIAÇÃO E CONTROLE DE RISCOS
Reconhecemos ou percebemos o mundo ao nosso redor através dos nossos sentidos, como vimos em etapa anterior. O processo de reconhecimentos dos perigos ou fonte dos riscos é a primeira etapa em um conjunto de ações coordenadas para prevenir acidentes e doenças ocupacionais. Reconhecer, perceber ou identificar esses perigos é uma rotina planejada e deve ser bem executada e deve ser executada em conjunto com quem conhece o processo.
Um engenheiro ou técnico de segurança serão incapazes de fazer um bom reconhecimento dos perigos, pois não conhecem a operação ou o processo. Portanto, o envolvimento do colaborador nessa etapa é essencial para descrever e explicar a rotina em cada detalhe. Mais do que essa descrição, quem estiver realizando esse reconhecimento deve fazer o acompanhamento das atividades com um olhar criterioso nas regras de segurança previstas em normas.
Perceber, raciocinar e agir
Uma vez listados os perigos do ambiente, das condições de trabalho e do processo produtivo, é chegada a hora de avaliar ou raciocinar, ou ainda analisar esse perigos para determinar que riscos eles oferecem, como esses riscos se manifestam ou se propagam, ou seja, como eles podem atingir o trabalhador. Inclui-se nessa etapa a probabilidades ou chances de o acidente acontecer, e também o tamanho do estrago ou gravidade do acidente ou doença, caso aconteça.
Determinar os meios, as probabilidades e a gravidade necessita novamente do envolvimento dos colaboradores, assim como uma metodologia eficiente por parte de quem está conduzindo a avaliação. Nessa etapa, estão inclusas as avaliações qualitativas, que são mais subjetivas, e as avaliações quantitativas, que são as medições dos agentes de risco biológicos, físicos e químicos, e são mais precisas por quantificar nocividade desses agentes.
Ações de monitoramento e antecipação aliadas a atenção na atividade
A última etapa é o controle de riscos, é o nosso agir para eliminar ou neutralizar os perigos, ou reduzir as chances de um acidente ou doença acontecer, ou ainda reduzir o tamanho do estrago caso aconteçam. Essas ações devem ser bem coordenadas para que sejam eficientes em todos os níveis de proteção seguindo as hierarquias ou prioridades estabelecidos em normas, como veremos na etapa seguinte.
Essas etapas todas constituem um programa ou planejamento geral para tornar o ambiente e o trabalho seguros. Essas etapas são continuadas, ininterruptas, não param em momento algum e devem estar ao correto repasse de informações e treinamento aos trabalhadores que, por estarem da linha de frente, precisam de atenção permanente na atividade, pois serão os primeiros a detectar alterações, erros ou omissões nesse processo, assim como sofrer as consequências.
4. PERIGOS, RISCOS E MEDIDAS DE CONTROLE
Perigo, fator ou fonte de risco é uma coisa, risco é outra. Podemos chamar de perigos aquilo com capacidade para causar lesões, ferimentos ou outros agravos a integridade física e saúde das pessoas. Essa definição é bem próxima do que a própria NR-01 define. Podemos chamar esses perigos também de agentes, ou fatores ou fonte do risco. O termo fonte do risco é bem sugestivo, por exemplo, a perda auditiva tem como fonte (ou causa) o ruído produzido por uma máquina.
É bastante comum confundirmos uma coisa com outra, e isso tem um reflexo em como vemos a situação, e principalmente em como agimos. Voltemos ao exemplo do ruído, muita gente diz que onde “trabalham há risco de ruído”, mas o risco é a perda auditiva. Afinal, em outro exemplo, não corremos risco de velocidade no trânsito ou de beber e dirigir, mas o risco de morte. Isso até soa diferente ao ouvido, ou não? Risco de velocidade ou risco de morte?
Fonte de risco é uma coisa, risco é outra. Fonte de risco é o meio, enquanto o risco é a consequência.
Então, o risco em si é a própria morte, mas pode ser também queimaduras, cortes, fraturas e doenças ocupacionais diversas causas por exposição a fatores físicos como radiação solar ou produtos químicos. Trabalhador autorizado é também o trabalhador ciente dos riscos que corre e que mesmo assim decide realizar as atividades para as quais está sendo contratado, ou seja, a pessoa que sabe quais os danos físicos e saúde ela pode sofrer ao realizar tais tarefas.
Aqui é onde entra o reflexo de como a situação é colocada e a reação que temos sobre as informações que estão sendo passadas. Por exemplo, você está sendo contratado para trabalhar com combustíveis e inflamáveis, assim responda: a) Você vê algum problema em trabalhar com combustíveis e inflamáveis? b) Você vê algum problema em trabalhar com algo que pode causar câncer e ainda pode queimar e explodir e potencialmente matar?
Todo processo produtivo exige riscos e não há ambiente ou processo produtivo 100% seguro.
Para cada risco, temos uma ou mais medidas de controle. A medida de controle é como prevenir ou se proteger daquele determinado risco e se aplica sobre a fonte de risco, seja para eliminar, neutralizar ou reduzir. Voltemos ao exemplo do ruído, usamos protetores auditivos para reduzir a intensidade do ruído. Em outro exemplo, se carregamos peso de forma manual, podemos eliminar esse procedimento e substituir pelo auxílio mecânico na forma de uma empilhadeira.
Essas medidas podem ser individuais como no caso do protetor auditivo ou utilização de outros EPI, podem ser coletivas como no caso da instalação de fitas antiderrapantes em escadas ou sinalização de segurança, e podem ser administrativas como a proibição de fumar nas dependências da empresa e mesmo a realização periódica de exames médico. As empresas combinarão essas medidas de forma a garantir o ambiente mais seguro possível, mas nunca 100% seguro.
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